No mundo da leitura com Yêda Marquez
[22 de março de 2020]
Por Nara Cunha De los Angeles
Ler é uma ótima maneira de descobrir novos mundos. E o que não faltam são bons livros para que as crianças embarquem nessa ideia. É o que sugere a jornalista e escritora de literatura infanto-juvenil, Yêda Marquez, que concedeu uma entrevista exclusiva para a nossa escola. Ao final da página, você encontra dicas de leitura e conhece os livros que a entrevistada publicou
Casa das Letras – Há quanto tempo escreve?
Yêda Marquez – Lia muito quando criança. Comecei a escrever poesia e pequenos contos aos 9 anos de idade. Em 2006, ano do centenário do 14Bis, publiquei meu primeiro livro: Alberto, Menino-Passarinho. É sobre a vida e a obra de Santos Dumont. Publiquei oito livros, desde então. Gosto de temas do cotidiano, como as questões ambientais e sociais no Brasil.
CL – Por que é ocupar o tempo com a leitura, nessa fase fora da sala de aula? E como fazer dela um hábito desde criança?
YM – A leitura precisa ser prazerosa para se tornar hábito. Em tempos de quarentena, é uma maneira superagradável de descobrir novos mundos, por meio da enorme quantidade de bons livros disponíveis para crianças. O celular é muito interessante. A TV oferece filmes e música, mas a leitura nos traz o desafio de usar a imaginação para colocar sons, movimentos e cores nas histórias. Basta um pouquinho de boa vontade. É interessante que pais e avós leiam para quem ainda não foi alfabetizado. E que tal encenar o que foi lido? Fica bem divertido!
CL – No fim de 2019, cada aluno do Ensino Fundamental da Casa das Letras escreveu e publicou um livro, com direito a lançamento em livraria de shopping. Foi no projeto Escritor Mirim, em parceria com a Estante Mágica. O que você acha desse estímulo na escola e que conselho dá para ir adiante, mesmo se a criança escolher outra profissão no futuro?
YM – É um privilégio para quem tem uma oportunidade como essa! Projetos assim contribuem para a formação de bons leitores. A escrita vem, naturalmente. E saber falar e escrever em nossa própria língua facilita o desenvolvimento de qualquer carreira ou atividade. O investimento na carreira vai depender do interesse de cada um, mas o tempo gasto nas atividades de leitura e escrita nunca será um desperdício.
CL – O que é preciso para ter boas ideias e escrever bem?
YM – Ideias podem vir de toda parte. Cabe a nós prestar atenção e descobrir de que maneira nos tocam. A emoção precisa ser encontrada em algum cantinho. Mas ainda acredito ainda que o principal requisito para escrever bem é a prática da leitura.
CL – Em que a leitura colabora para o desenvolvimento das crianças?
YM – Em muitos aspectos: melhora a capacidade de compreender o mundo, permite mais facilmente a interpretação de textos, aproxima pessoas e interesses, desenvolve o conhecimento da língua.
CL – O que sente quando escreve e quando vê uma criança lendo um livro seu?
YM – Sinto-me feliz e emocionada quando escrevo, pensando principalmente na emoção que desejo despertar nos meus pequenos leitores. Já palestrei em muitas escolas que adotaram livros meus. A sensação de ouvir as opiniões dos alunos que leram me deixa arrepiada e de olhos marejados. Cada aluno desenvolve uma compreensão muito particular da história. É um processo emocional muito forte e que me sensibiliza demais!
CL – Fale um pouco de você e de seus projetos.
YM – Sempre gostei de ouvir histórias e como descobri algumas inéditas dentro de mim, resolvi que tinha a missão de contá-las. E assim vou fazendo. Meu próximo projeto é publicar uma trilogia que tenha a cara de Goiás. Um livro fala das Cavalhadas de Pirenópolis, outro da Procissão do Fogaréu, na Cidade de Goiás, e o terceiro das Festas Juninas, celebradas em todo o Estado. Tenho lido muita coisa nova e também gosto de reler livros que amo. Ouço muita música, vejo bons filmes na televisão, faço yoga e exercícios de pilates e estou mais atenta às minhas plantinhas. Várias delas estão floridas! Não posso reclamar da quarentena. Pé no freio não faz mal algum!
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