[18 de abril de 2021]

Data comemorativa: Dia Nacional do Livro Infantil

ENTREVISTA / César Obeid

Hoje é o Dia Nacional do Livro Infantil e a Escola Casa das Letras conversou com o escritor, contador de histórias e poeta César Obeid.

Ele nasceu na cidade de São Paulo, mora em Itapevi (SP) e diz que adora arroz com pequi! Gosta de escrever sobre assuntos que conhece e que estão no coração dele. Sobre temas da moda, não.

César conta que tornou-se escritor, lendo. E que estudar dramaturgia foi muito importante. “A técnica teatral me ajudou muito a escrever histórias. Depois passei para poesia e prosa”, lembra.

Nosso entrevistado curte levantar cedo quando está escrevendo um livro. Escreve todo dia e pode levar meses ou até um ano para terminar. Ele diz que esse processo é desgastante, mas que a alegria de ver o livro pronto e publicado não tem fim!

Leia a entrevista a seguir:

Casa das Letras — Como vai a produção de livros infantis no Brasil?

César Obeid — Esta é uma questão ampla, mas, no universo escolar, vejo que houve redução na venda de livros. As editoras continuam produzindo em menor escala e o trabalho delas é fundamental para manter a qualidade dos livros infantis que temos no País.

CL — O que temos a comemorar neste 18 de abril?

CO — A literatura infantil é o primeiro caminho para que possamos nos tornar verdadeiros leitores. Ler nos dá experiência de vida. Quando uma criança lê um livro no qual o protagonista passa por alguma dificuldade e a supera, essa criança amadurece emocionalmente. É uma data para ser lembrada e valorizada. Ela sugere que nos desliguemos um pouco da tecnologia, do celular, da TV, da internet para ter a conexão com nossos filhos que a literatura proporciona. 

CL — Como estimular a leitura na infância?

CO — Basicamente por dois caminhos: escola e família. Como escritor, viajo pelo Brasil e vejo escolas públicas e particulares, nos rincões mais distantes desse país, fazendo trabalhos maravilhosos com a leitura! As famílias devem ler bastante com os filhos, principalmente na primeira infância deles. Muita gente acha que ler para uma criança é perder tempo. Então, prefere entregar um desenho ou vídeo pronto. A diferença é que, por meio da leitura, ela cria a voz dos personagens e constrói a história. Esse é o convite da literatura e a gente cresce com ela!   

CL — Como a leitura pode mudar a vida de uma criança?

CO — O grande barato da literatura é que ela traz experiências de vida e proporciona maturidade emocional para a criança. Essa mudança não é tão visível como quando ela aprende a andar de bicicleta ou patins. Mas quem convive com criança que lê, sabe que ela tem muito mais capacidade de lidar com a diversidade.

CL — Como atrair a atenção para o livro físico, diante do apelo dos eletrônicos? Com um e-book?

CO — Para ler o livro físico, você tem de parar o celular e a TV. O e-book é um livro editado e revisado no formato PDF. O problema é se estiver em um dispositivo com acesso à internet. O ideal é que não tenha ou que as notificações sejam desligadas para evitar a tentação de buscar algo com mais movimento. Para atrair a atenção da criança, é preciso sentar-se com ela e não apenas dar o livro na mão dela. Ainda leio com minha filha de 11 anos! Vamos fazer o gesto de pegar um livro acontecer naturalmente, pelo exemplo. A criança lê quando o pai, a mãe e o irmão lêem.

CL — O que há de novo no mundo dos livros digitais? Livros animados e narrados em formato de podcast para crianças chegaram para ficar? Em que a tecnologia facilita ou limita o acesso à leitura?

CO — A tecnologia facilita o acesso a tudo, inclusive à leitura. Mas observo como lidamos com essa ferramenta de maneira imatura e viciada. Quando a criança lê um livro físico ou e-book, ela cria a voz dos personagens do jeito dela. Nos livros animados e narrados, a voz está pronta. A tecnologia veio para ficar, mas a experiência de ler um livro físico é única e nunca vai acabar. O que resolve o problema da leitura no País são livros nas escolas, bibliotecas bem estruturadas e famílias compreendendo o papel dela nesse processo.

CL — Que conselho daria para uma criança que sonha ser escritora?

CO — O que você gosta de ler? Muitas crianças dizem não gostar de ler, que preferem ver séries e desenhos. Então, essas provavelmente não vão escrever. Podem ser roteiristas de desenhos ou séries! O trabalho da escrita não é o mesmo do cinema ou do teatro. São técnicas diferentes. Para ser escritor, leia, faça um curso de escrita criativa! Eu dou curso para quem quer ser poeta ou se aperfeiçoar. Não para que o aluno faça como eu, mas crie a pegada dele. Existem muitos cursos online, fóruns de debate e selos editoriais que ajudam crianças a escrever.

Acompanhe o trabalho de César Obeid

Site: https://www.cesarobeid.com.br/

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