Fabíola Menezes / Projeto Família Presente

A escola é um dos primeiros sistemas sociais aos quais os pais não têm acesso permanente. É o primeiro exercício efetivo de autonomia da criança.

Uma das preocupações que surgem nessa fase é: e se meu filho cair, apanhar ou se machucar de alguma maneira? Eu não estarei lá para defendê-lo.

A ideia é exatamente essa: que a criança aprenda a socializar e a desenvolver suas competências socioemocionais!

Nesse processo podem, sim, acontecer beliscões, empurrões e mordidas. E por que isso acontece?

Nem sempre isso significa agressividade. A criança, quando começa a ir para a escola, ainda não tem total domínio da comunicação e usa muito o corpo para expressar as emoções. Então, o que o adulto percebe como agressão, pode significar, muitas vezes, uma forma de euforia ou de dizer que quer alguma coisa ou que está desconfortável na situação.

Morder é uma forma de contato sensorial e é a comunicação corporal que a criança possui em uma fase do desenvolvimento.

Sabemos que não é bom perceber marquinhas de dentes no braço do seu filho. Emocionalmente, dói mais nos pais que na criança. Mas o que fazer nessa hora?

Manter a calma e tentar entender o que está acontecendo. A melhor forma de saber é procurando a escola e conversando.

E se for o meu filho quem morde? Da mesma forma, é preciso acessar a escola para identificar as situações em que isso ocorreu.

Embora faça parte do desenvolvimento infantil, não significa que pais e educadores não tenham que atuar.

Pelo contrário, as pessoas envolvidas no processo devem ser assertivas para conversar e orientar as crianças — é quando ocorre o treino de habilidade social.

E se a criança morde sempre a mesma criança? A escola deve fazer uma análise mais aprofundada com as famílias para entender se, em casa, algo está diferente, se há alguma coisa despertando esse impulso e fazer um trabalho em conjunto com os pais para melhorar o comportamento.

A preocupação é quando essa atitude continua depois dos 3 ou 4 anos de idade, quando as habilidades sociais e a linguagem verbal estão mais desenvolvidas.

O contexto em que ocorre a situação sempre deve ser bem investigado. E o reforço positivo para comportamentos adequados da criança sempre é uma alternativa melhor que a punição.

E lembrem-se: se algo acontece dentro da escola, esta sempre deverá ser a mediadora.

Fabíola Menezes é neuropsicóloga e coordenadora do Projeto Família Presente da Casa das Letras