ESPECIAL DE FÉRIAS / Entrevista

Vovô e vovó não contavam com a tecnologia que existe hoje para brincar quando crianças. Ainda assim, eles se divertiam de montão! Curtiam as chamadas brincadeiras tradicionais, que a gente conhece bem na Escola Casa das Letras! Queimada e pega-bandeirinha são algumas delas!

Nossas aulas de Educação Física provam que brinquedos e jogos de ontem continuam interessantes! Ninguém lembra que existe celular enquanto passa o tempo com eles! E o melhor: ninguém fica parado quando está jogando! 

Entrevistamos o professor de Educação Física, Alexandre Rocha Sales, para explicar direitinho esse assunto! Ele é especialista em Educação Infantil e pesquisador da cultura popular — e foi o primeiro entrevistado do site da escola, em 2017, quando sugeriu guardar o celular e brincar!

Detalhe do violão de Alexandre Rocha Sales, durante apresentação na Escola Casa das Letras

Nosso entrevistado está de volta para contar que tem um canal no youtube, em que apresenta músicas, brinquedos e brincadeiras tradicionais. Conhecido por divertir o público infantil, cantando e tocando o violão Ariovaldo, ele dá dicas e fala sobre o universo do brincar, que nunca cai de moda!

Acompanhe o bate-papo, a seguir, e assista aos vídeos sugeridos com a família para aprender a construir brinquedos e a brincar com eles:  

Escola Casa das Letras: Por que é importante não deixar que as brincadeiras tradicionais caiam no esquecimento?

Alexandre Rocha Sales: Porque fazem parte da história dos nossos antepassados! Elas contam um pouco de nós e são muito gostosas de praticar! E porque brincar é a linguagem da criança! A criança que brinca se desenvolve em diversos aspectos. Uma pesquisadora que aparece no documentário Tarja Branca, de Cacau Rhoden, diz: “Brincar para a criança é urgente”.

Casa das Letras: Como andam as brincadeiras tradicionais em tempos de tecnologia?

Alexandre: Observa-se um número cada vez menor de crianças se divertindo com brinquedos e brincadeiras ditos tradicionais. O advento tecnológico trouxe também uma mudança na cultura popular. Por isso, é cada vez mais urgente e necessário promover esse resgate do brincar. Por excesso de trabalho ou por uma série de fatores, entre os quais financeiros, de espaço e de segurança, já não se brinca mais nas ruas, nos quintais das casas. E, não de forma generalizada, a família não tem se preocupado em oportunizar para os filhos tais vivências tão salutares. Talvez, a nossa esperança esteja nas instituições educacionais. Sempre digo em meus cursos que, se a criança brasileira ainda conhece os elementos do folclore, isso se deve imensamente ou tão somente a essas instituições. Todo esse cabedal tecnológico e o seu crescimento frequente, interfere, sim, na forma de brincar das crianças.

Casa das Letras: Qual é sua brincadeira tradicional preferida e o que ela faz você lembrar?

O pião é um brinquedo muito antigo e que ainda é motivo de muita diversão e alegria!

Alexandre: Gosto de muitas, mas bilboquê ou biloquê e pião sempre tenho ao alcance das mãos. O Pião é um pouco mais complicado, pois moro em apartamento, mas brinco sempre. Já o bilboquê está aqui, ao meu ladinho, enquanto escrevo. Adorava também as brincadeiras de rua: bete, os piques, carrinho de rolimã, pular corda, soltar pipa. Essas tenho praticado pouco. Algumas dessas brincadeiras eu trabalhava em minhas aulas. Uma vez conseguimos fechar a rua em frente à escola para realizar uma manhã de brincadeiras tradicionais!

Casa das Letras: Fale sobre seu canal no youtube, por que o criou e quais são seus objetivos com ele.

Alexandre: Criei para publicar projetos pessoais e divulgar a cultura de maneira geral. Muitos desses projetos surgiram da minha prática educacional e da paixão que tenho por elementos culturais, que são verdadeiros agentes transformadores. As publicações mais recentes são do meu projeto Músicas de Brinquedos e Brincadeiras Tradicionais, que convido vocês a conhecer. Seguem abaixo alguns links para a apreciação de todos. Não se esqueça de se inscrever no canal, curtir e seguir meu trabalho!

(a entrevista continua depois dos vídeos)

Como jogar baliza:

Pipa sem cerol é que é legal!

Como jogar peteca:

Como fazer um corrupio e brincar com ele:

Como brincar com o bilboquê:

Brincadeira com diabolô:

Casa das Letras: Você é professor de Educação Física na rede pública de ensino do município de Goiânia e destacou-se a partir de um trabalho voltado às brincadeiras tradicionais. Conte um pouco sobre os motivos que fazem você gostar tanto do tema e se dedicar a ele.

Bolinha de gude, biloca e chimbre são alguns nomes dados a esse brinquedo

Alexandre: Essa paixão começou na infância. Fui uma criança que brincou muito e de diversas formas. Venho de uma família com essa tradição cultural bem forte. Aprendi muito com os primos mais velhos e com meus pais e tios. Na faculdade, pude me dedicar e socializar as minhas vivências de infância na disciplina Recreação e Folclore, além de aprender novas possibilidades com bons mestres. Quando ingressei na rede Municipal de Educação, senti a necessidade de implementar essas pesquisas. Fui o idealizador do 1º Festival de Brinquedos e Brincadeiras Tradicionais da Secretaria Municipal de Educação, evento que sobreviveu por muitos anos e mobilizou uma grande quantidade de crianças. Depois, resolvi investir em outras paixões, como as quadrilhas juninas e os brinquedos cantados. Também fui o primeiro professor a realizar formações nessa área na rede municipal e acabei virando referência, quando o assunto é folclore brasileiro. Mais recentemente, em parceria com uma colega, juntamos duas linguagens educativas que se casaram perfeitamente: Contação de Histórias e Brinquedos Cantados. Então, formamos a dupla Omelete (Ivone Cruz) e Alexandre. Atualmente, ela e eu realizamos esse trabalho de forma particular, alimentando os nossos canais com vídeos de histórias e músicas. Aguardem, pois vem novidade por aí!

Casa das Letras: Dê algumas dicas de brincadeiras tradicionais para fazer em casa nas férias, levando em consideração quem mora em casa com um pequeno quintal e quem mora em apartamento e não dispõe de muito espaço.

Alexandre: Amarelinha, bilboquê, pular corda, brincadeiras cantadas, principalmente as que movimentam o corpo, e a brincadeira chamada cantinho. Na minha época de criança, brincávamos cinco pessoas, quatro nos cantos de um cômodo ou em um local  pré-determinado e um no meio. O brincante do meio pronunciava para um dos demais: me dá cantinho! E este respondia: vá pedir ao seu vizinho. Nesse momento, os quatro tentavam trocar de lugar e o do meio tentava ocupar o canto de alguém. É possível utilizar bambolês, fita colorida ou giz para demarcar os espaços.

Pular corda, além de divertido, faz a gente se mexer!