[Comportamento]
Não é legal que os pais façam tudo no lugar dos filhos. Chega uma hora em que eles, ainda crianças, precisam aprender a realizar algumas atividades em casa. Ser uma pessoa organizada é saudável e até o mundo melhora!
TEXTO E FOTOS: NARA DE LOS ANGELES
28 de abril de 2017
Conforme o tempo passa, Nicoly Duarte, de 10 anos, acha que está se tornando uma pessoa mais organizada. “Até os 6 ou 7 anos eu não era tanto”, lembra. A menina conta que começou a observar a mãe colocando a casa em ordem e que aprendeu com ela.
No quarto de Nicoly, cada coisa está no lugar. Faz questão de, ela mesma, guardar calçados e peças de vestir e de manter as gavetas e o guarda-roupa arrumados. Acha que, assim, economiza tempo porque sabe onde cada item está quando precisa dele.
Sempre que pode, Nicoly lava o prato em que come, limpa o próprio quarto, varre a casa, ajuda na faxina e lava a garagem. Aluna do 5º ano, também cuida do material escolar e organiza os objetos depois de fazer a tarefa.
“Quando os filhos aprendem a cooperar, automaticamente aprendem a respeitar”, afirma a psicóloga sistêmica familiar e neuropsicóloga, Fabíola Menezes Macedo. De acordo com a especialista, crianças que ajudam em casa têm mais autonomia e melhor desempenho na escola porque são mais disciplinadas, responsáveis e independentes.
Entretanto, no exercício da profissão, Fabíola percebe que há muito pai e mãe com dificuldade de educar. Ela esclarece que, desde bem pequenas, as crianças internalizam que os pais e, mais tarde, a sociedade, incluindo os sistemas sociais nos quais se inserem, como escola, igreja e amigos, estão à disposição delas. “É um comportamento perigoso porque não aprendem a assumir responsabilidades básicas que farão delas cidadãs de bem”, avalia.
Fabíola observa que o que se vê, hoje, são muitas crianças e pais perdidos nessa história. “Pais servos dos filhos, com dificuldade de colocar limites”, pontua. Segundo a psicóloga, limites não são sinônimo de punição. “Coloca-se limite ao ensinar a criança a não jogar lixo na rua, a arrumar a cama, a lavar louça, a respeitar o próximo. Devemos formar pessoas para tornar nosso mundo melhor. Quem ama, ensina!”, define.
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Guarde os brinquedos!
Na Escola Casa das Letras, as crianças aprendem a guardar os brinquedos aos 2 anos. Na hora de fazer alguma atividade em sala, aprendem também a deixar apenas o material que vão usar em cima da mesinha. Se, ao fazerem um desenho, sujarem a superfície, não custa nada limpar, né? Os alunos ainda contribuem com a limpeza do ambiente, catando o lixo que possa restar do lanche.
A coordenadora da Educação Infantil, Viviane Pimenta, diz que é importante desenvolver o senso de organização desde cedo porque isso ajuda o ser humano a progredir. “A pessoa consegue ter mais disciplina e melhora a concentração nos estudos”, afirma.
Em casa, Viviane acredita que, quando a criança realiza tarefas adequadas à idade que tem, desenvolve a autonomia e o sentido de responsabilidade. Ela defende que cada um, desde pequeno, aprenda a cuidar dos próprios objetos.
Viviane destaca que, quando somos organizados e cuidamos do que é nosso, contribuimos para uma sociedade melhor e colaboramos para a conservação do planeta. Ela explica que isso evita o desperdício de recursos naturais que seriam usados para produzir os mesmos objetos que um dia tivemos e de que não zelamos.
Proteção tem limite
A psicóloga sistêmica familiar e neuropsicóloga, Fabíola Menezes Macedo, dá mais algumas dicas para estimular a independência infantil com responsabilidade
- No processo de ensino está faltando autonomia nas crianças. A dependência gera acomodação que pode ser confundida com transtornos de aprendizagem.
- A falta de autonomia na infância gera um adulto inseguro e dependente.
- Essa autonomia pode ser aprendida com pequenas ações de cooperação no dia a dia. Ajudar em algumas tarefas auxilia o desenvolvimento de habilidades importantes na vida adulta.
- Segundo algumas pesquisas, a tendência de não dar tarefas aos filhos é mais comum no mundo ocidental, onde crianças estão acostumadas a receber muito dos pais e a dar pouco de si.
- Ao determinar tarefas domésticas para uma criança, observe o potencial dela e o que consegue fazer, além da segurança.
- Deixemos a superproteção de lado e apostemos nos nossos filhos! As crianças estão cada vez mais inteligentes e precisam de espaço para desenvolver suas habilidades e crescer.
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