[10 de março de 2021]

Fabíola Menezes / Projeto Família Presente

Qual é o limite para o uso saudável da tecnologia na infância?

O uso de telas sempre foi um tema muito discutido entre as famílias que questionam o limite saudável de tempo digital.

A pandemia do coronavírus desorganizou as rotinas e as telas se tornaram ferramentas para mediar a aprendizagem e o conviver. Com isso, os pais ficaram angustiados, com medo de entrar em contradição porque a criança precisa da ferramenta para estudar, mas não pode usar indiscriminadamente para lazer.

O uso de eletrônicos pela criança auxilia muito os pais que ainda estão trabalhando de modo remoto. A dúvida é como estimular a criança no uso do equipamento para as aulas online, mas controlar na hora do lazer?

O tempo de tela foi estabelecido por pediatras do mundo inteiro para preservar a saúde das crianças e o desenvolvimento adequado das competências socioemocionais.

A orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é:

  • Crianças com menos de 2 anos não devem ser expostas a nenhuma atividade de tela.
  • Crianças de 2 a 5 anos: apenas uma hora por dia.
  • Crianças de 6 a 10 anos: duas horas por dia com supervisão de adultos.
  • Crianças acima de 10 anos e adolescentes: até três horas por dia.

Um dos motivos das restrições de tempo de uso de tela por crianças é o fato de o eletrônico proporcionar uma estimulação passiva de conteúdos, limitando a interação e o conviver. O excesso desse uso também pode causar dependência e comprometimento da qualidade do sono.

Tais orientações estão mantidas, mas foram obrigadas a ceder espaço à flexibilidade e ao bom senso impostos pela vida real, no isolamento.

Recomenda-se manutenção da rotina com horários para refeições e sono. A família deve ter momentos de convivência e afetividade e, para as crianças com menos de 2 anos, o contato com as telas deve servir apenas para uso afetivo para contato com a família ou amigos.

Também se orienta observar o comportamento das crianças para verificar se estão apresentando algum sinal que foge ao desenvolvimento normal. E, claro, é importante verificar também o tipo de conteúdo que estão acessando.

Algumas dicas de especialistas:

  • Faça uma lista de rotinas com a criança e o adolescente. Flexibilidade não significa abandono de disciplina.
  • A tela é útil, se ajuda a manter contato com as pessoas. O foco não podem ser apenas jogos e vídeos.
  • Controle o uso de telas. Envolva a criança e o adolescente nesse controle.
  • O conteúdo mais calmo é mais positivo.
  • Preserve rituais em família. Jamais use eletrônicos nos horários de refeições. Essa regra é para todos.
  • Evite uso dos eletrônicos perto da hora de dormir. Eles prejudicam a quantidade e a qualidade do sono.
  • É importante manter as atividades sem o uso da tecnologia.
  • Observe as emoções das crianças. Atenção a oscilações de humor importantes.
  • O combinado segue valendo, mesmo na pandemia.
  • Use as telas para atividades físicas.
  • Pais são modelos de comportamento. Se seu filho o vê o tempo inteiro no celular, ele dificilmente entenderá que isso possa ser um problema.

Fabíola Menezes é neuropsicóloga e coordenadora do Projeto Família Presente da Escola Casa das Letras